sexta-feira, 7 de maio de 2021

Cara morte... por Leandro Karnal

 

Cara Morte: eu nunca lhe escrevi antes. Não reclamei quando você levou meu pai e minha mãe. Entendi que era o ciclo doloroso da vida. Que sua visita ocorra após uma existência prolongada, é algo possível de absorver com o tempo. Mas, agora, você exagerou! Aproximou-se de Nicete Bruno, Agnaldo Timóteo, Genival Lacerda, Daisy Lúcidi,  Aldir Blanc, Paulo Gustavo, João Acaiabe,  Gésio Amadeu e tantas outras pessoas criativas e  talentosas. Pior: de roldão,  aproveitou-se para encher o barco com 417 mil pais, mães, filhos, amigos de todo nosso país. Você perdeu a mão: entra até em creches  e comunidades. Colheu demais. Tire férias em uma galáxia distante. Afaste-se. Está insuportável. Xô! Perdeu a graça! VAZA!

    Não é pessoal. Também irei encontrá-la no futuro, porém, precisamos do seu afastamento por uma temporada. Nunca te pedi nada. Domingo é dia das mães: afaste-se delas, em particular. IMPORTANTE: NUNCA entre em uma creche novamente. Há coisas fortes demais até para você. E, por fim, seja corajosa: evite aliciar colaboradores humanos. Você não precisa de cúmplices.

 Um aceno de longe (regras de pandemia, sabe?) : Leandro