domingo, 19 de novembro de 2017

Guerreiro

Guerreiro.. que nada te derrube!!
Não entregue seu poder,
Nunca se curve,
Nunca se queixe ou reclame,
Nunca se lamente.
Se ainda não foi abraçado pela morte é porque tem forças
para continuar.
Atue com grandeza,
Não te deixes vencer por qualquer fator externo, pois
construíste dentro de ti um templo precioso o qual
ninguém e nada podem profanar.
Não te deixes vencer pela tristeza ou pelo abandono
porque embora você ame e proteja outros, a única
companhia que lhe basta é a tua própria, pois tu tem
consciência que todas as coisas são você e você é
todas as coisas.
Guerreiro és, e postura de Guerreiro hás de ter.
Coluna reta,
Olhar limpo,
Calma em tua face, e em cada ação tua,
Que ninguém saiba de tuas dúvidas,
Que ninguém saiba de tuas fraquezas.
E mesmo que souberem que isto não te afete
porque se importar é a maior das fraquezas.
Cumpra sua obrigação, dê bons exemplos e nunca precise
de elogios ou aprovação.
Não comprometa sua realidade.
Você trava todos os dias a mais nobre das batalhas
aquela contra si próprio, seus demônios.
Assim constrói teu caminho até a suprema iluminação.
Guerreiro hás de lutar até a morte, pelo que acreditas,
Pelo que sonhas,
Pelo que amas.
Sabes que vida e morte são faces da mesma moeda.
E já tendo aceitado a única certeza da vida
eis que a mesma torna-se tua amiga
E sabes que o véu da ilusão cobre a todos.
Mas consciente disso lutas para removê-lo.
Guerreiro, elegeste o caminho mais difícil,
O que não possui atalhos
O mais forte,
O mais digno de um homem.
Enquanto outros vêem problemas, tu vê desafios
Enquanto outros sucumbem à dor e se deixam fracassar,
Você a transmuta em força e galga mais um degrau.
Este é o caminho dos homens íntegros
Que nada temem..
Que olham nos olhos, e não vivem a vida em um disfarce tolo,
Que sabem contemplar a maravilha da existência e de todas as coisas que existem
Este é O caminho do Guerreiro!

domingo, 23 de julho de 2017

Amor amarrado

Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo...

- Nós nos amamos... e vamos nos casar - disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã... alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada...

Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte... e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.

E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro - deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!

Os jovens se abraçaram com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada... no dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.

O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos... e viu eram verdadeiramente formosos exemplares...

- E agora o que faremos?
- perguntou o jovem


- as matamos e depois bebemos a honra de seu sangue?


Ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? - propôs a jovem.


- Não! - disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... quando as tiver bem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...


O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros... a águia e o falcão, tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando- se até se machucar.


E o velho disse:


- Jamais esqueçam o que estão vendo... este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão... se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro... Se quiserem que o amor entre vocês perdure... voem juntos... mas jamais amarrados.



[AUTOR DESCONHECIDO]

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sobre um Radical...

Final do artigo de hoje do Contardo Calligaris sobre um Radical.
Segundo Daniel Koehler, do Girds (acrônimo para o instituto alemão de estudos de radicalização e desradicalização), há como saber se um indivíduo que se tornou radical, em sua relação com uma religião ou uma ideologia, poderia ou não voltar a ser cidadão de uma democracia. Quando possível, o Girds propõe um tratamento de desradicalização como alternativa à cadeia.
Koehler define a radicalização como uma forma de ignorância –voluntária ou involuntária, tanto faz: radical é aquele que só acredita numa explicação, que lhe parece exaustiva e total, ou seja, suficiente e valendo para tudo.
O radical não enxerga a pluralidade possível das explicações e das versões: ele é o famoso homem de um livro só.
"Timeo hominem unius libri", receio o homem de um livro só. Atribuída (misteriosamente) a São Tomás ou a Santo Agostinho, essa expressão já foi entendida assim: tenho medo do homem de um livro só porque, especializadíssimo, ele vai ser um debatedor especialmente afiado.
Hoje, vige o sentido moderno da expressão, pelo qual o homem que coloca fé num só livro, que leu apenas um livro (pior ainda se for o único livro que ele escreveu) é um perigo 1) para ele mesmo (porque ele será o escravo desse livro só, como dizia o grande Joseph Needham), e 2) para todos os outros, porque ele não aceita a complexidade, a pluralidade e o conflito que a realidade e a variedade dos livros sempre apresentam. O homem de um livro só é o radical descrito por Kohler.
Na terceira vez que alguém, numa conversa, cita o mesmo livro para justificar suas posições, não hesite, chame o Girds. Nenhuma exceção para a Bíblia, até porque o único livro que importa ao radical é sempre, para ele, a palavra de algum Deus.
Em contrapartida, a desradicalização proposta pelo Girds consiste em tornar a vida e o mundo mais complexos, em restaurar o presença de perguntas, dúvidas e adversativas no discurso do radical que é, em geral, feito de afirmações.
Você quer lutar contra a radicalização? Não simplifique, complexifique. E, mesmo se achar que você tem a resposta, prefira a pergunta.
(Leandro Karnal)

Vicário

Existe uma palavra de origem latina que gosto de usar: vicário. Significa “o que faz as vezes de outro” ou “o que substitui outra coisa ou pessoa”. Podemos usar a ideia de "vida vicária": a vida dependente de outro. São as pessoas que passam o dia na internet atacando tudo e todos, querendo um lugar ao sol, querendo fama e, desesperados,metralhando para todo lado. Vivem do ódio e do ressentimento. Não analisam ou discutem, apenas desqualificam e atacam. São pessoas de vida vicária. Alimentam-se da luz alheia e, no fundo são fãs de vetor trocado. Nada edificam, apenas apedrejam. Envelhecem amargos e solitários, independente da idade. Dependem do texto alheio para orientar o seu. Mendigam atenção dia e noite e mostram-se vicários, dependentes, subalternos e não protagonistas. Amigos enviam-me, por vezes, algumas pérolas destes seres. Quase nunca leio. Todos possuem direito a sua dor imensa. Gente de vida vicária sofre muito; isto é visível nos textos. A vida é curta. Prefiro produzir e amar. Quero aprender, ler, ensinar e publicar. Quero ser, cada vez mais. Meu desejo é ser protagonista da minha biografia e não vicário da alheia.