domingo, 6 de dezembro de 2020

MUDANÇA

 MUDANÇA



Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!

***Texto de Clarice Lispector

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Reflexões sobre a quarentena

Perfil Jussara Clemente Ferreira.

Conectando questionamentos e informações da minha "bolha" do Facebook com momentos filosóficos da quarentena:
Lendo uma indagação da Thais Pistorezzi Dall Olmo sobre como manter a sanidade nesses tempos, acabei respondendo (pensamentos que já ando construindo faz um tempo) que, na minha visão das coisas, é inútil tentarmos mudar os outros com discursos. Isso me lembrou outra citação da Diana Alarcon que uma vez me falou que fazer isso é pregar pra convertido. Fiz um curso esses tempos onde o professor falou uma frase que mudou totalmente a minha percepção: "não tem como parir quem não está grávido". Baseado nisso, eu acho um desgaste energético extremo tentar ficar colocando bom senso na cabeça de quem não tem. Eles "não estão grávidos". E a saída? Pra mim a saída é aquela frase: "seja a mudança que você quer ver no mundo". As pessoas mudam pelo exemplo. Cuidando de nós, o mundo ao redor muda tb, pq semelhante atrai semelhante. É pelas nossas atitudes que os outros vão escolher seguir o exemplo ou não. Pelo menos até que consigamos desenvolver uma comunicação mais eficaz que desbrave essa floresta inacessível que é a cabeça de quem "está do outro lado" (sim pq acho que nossa comunicação combativa não está dando resultado tb). Ou encontramos um modo de expandir a consciência das pessoas ou não adianta bater de frente com suas crenças, por mais que a gente não concorde ou ache absurdo. Talvez aí esteja o nosso ponto de desenvolvimento e melhoria nesses tempos. Acabei de ler numa publicação da Bianca Guimarães aqui no Facebook onde ela diz que esse gabinete do ódio não incita só o ódio nos adeptos dele, mas em nós que tentamos mostrar pros outros os absurdos disso tudo. No fim, também nos revoltamos e eles conseguem atingir e conquistar seus objetivos em 100% das pessoas: todos estamos revoltados e odiosos. Achei incrível essa percepção. Acho que a saída é que continuemos a pensar no coletivo, fazendo o que está ao alcance de nós mesmos. Acho que assim dá pra manter a sanidade, pelo menos é assim que estou seguindo. Obrigada Bianca, pelo aumento da minha percepção e pela minha "bolha" que me faz acreditar que tem muita gente realmente boa de se conviver e, pasmem, ainda me dá esperanças na melhora da humanidade! Kkkk

terça-feira, 26 de maio de 2020

Trecho_Admirável Mundo Novo

Um Estado totalitário verdadeiramente eficiente seria aquele em que os chefes políticos de um Poder Executivo todo-poderoso e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam sua servidão. Fazer com que eles a amem é a tarefa confiada, nos Estados totalitários de hoje, aos ministérios de propaganda, diretores de jornais e professores. Seus métodos, porém, são ainda primitivos e pouco científicos.

domingo, 1 de março de 2020

Uberização precarização do trabalho

“Pedi um sanduiche pelo rappi pra comer com os filhotes nessa sexta feira chuvosa enquanto a gente assiste um filminho e conversa. 

O cara da entrega chega, educadissimo e me pede para descer.  Achei estranho porque, em regra, eles sobem, né? Falei que sim, claro. Desci.

Chego na portaria e ele parece o meu pai. Está molhado, tira meu lanche da mochila, entrega dizendo "aproveita que tá quentinho. Desculpa não subir, mas é porque uso bicicleta e se roubarem fico sem trabalhar".

Fico olhando pra ele. Ele parece o meu pai. O seu pai. O nosso pai. Mais velho. Um rosto cansado, com um sorriso tímido. Olho pra bicicleta. Olho pra ele. Sorrio de volta. Falo que não tem problema nenhum, pergunto se quer uma água.

Ele parece o meu pai. O seu pai. Ele veio pedalando. Na chuva. Penso no meu pai que está em um hotel fazenda agora tomando um chá quentinho e lendo um livro.

Perguntei se ele queria uma água. Que pedalar cansa.

"Não, obrigado. Só me avalia bem, por favor. É minha primeira semana. Demoraram a me aceitar. Mais velho, né?"

O meu pai. O seu pai. De bicicleta. Na chuva. Entregando lanche.

Já fiz e já vi muito post aqui discutindo a questão do uber, ifood, rappi e da exploração da mão de obra e já li MUITA gente defendendo que tudo bem esses trabalhadores serem explorados pelas grandes empresas porque "pelo menos não estão em casa recebendo bolsa familia".

Eu mesma quase já não conseguia mais pedir qualquer um desses serviços porque cada vez que um entregador chegava eu tinha vontade de morrer...

Subi com o lanche arrasada. Não consegui dizer que a entrega dele foi maravilhosa e nem aumentar a gorjeta pq ele já finalizou a entrega, mas só sei que nem consegui comer o lanche. Tem gosto de lágrima e suor.

Fico pensando por quanto tempo a gente vai continuar normalizando esse tipo de exploração empresa x trabalhador. 

Vocês viram o entregador do ifood na cadeira de rodas que trabalhou por 10h e só conseguiu beber uma água para conseguir receber alguma coisa e fazer valer o dia?

Vi o vídeo da nossa AMADA Rita do Tempero Drag onde ela fala assim: "a gente vê que perdeu a nossa humanidade quando olha para o outro passando por uma situação desumana e não se importa mais com ele. Pior. Acredita que ele mereceu estar daquele jeito."

Texto de Flávia Viana.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

EUTANASIA História contada por Chico Xavier

EUTANÁSIA - história contada por Chico Xavier

Chico visitou durante muitos anos um jovem que tinha o corpo totalmente deformado e que morava num barraco à beira de uma mata. O estado de alienado mental era completo. A mãe deste jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo, alimentá-lo e a fazer a limpeza do pequeno cômodo em que morava.

O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas visitas em que um grupo de pessoas o acompanhava, um médico perguntou ao Chico:

-          Nem mesmo neste caso a eutanásia seria perdoável?

Chico respondeu:

-          Não creio doutor. Esse nosso irmão, em sua última encarnação, tinha muito poder. Perseguiu, prejudicou e com torturas desumanas tirou a vida de muitas pessoas. Algumas o perdoaram, outras não e o perseguiram durante toda sua vida. Aguardaram o seu desencarne e, assim que ele deixou o corpo, eles o agarraram e o torturaram de todas as maneiras durante muitos anos. Este corpo disforme e mutilado representa uma bênção para ele. Foi o único jeito que a providência divina encontrou para escondê-lo de seus inimigos. Quanto mais tempo agüentar, melhor será. Com o passar dos anos, muitos de seus inimigos o terão perdoado. Outros terão reencarnado. Aplicar a eutanásia seria devolvê-lo às mãos de seus inimigos para que continuassem a torturá-lo.

-          E como resgatará ele seus crimes? – Perguntou o médico.

-          O irmão X costumava dizer que Deus usa o tempo e não a violência. - respondeu Chico Xavier

Diante da dor e do sofrimento, ouvimos pessoas dizendo: “Eu não acho justo tanto sofrimento!”  Quem afirma isto, está achando indiretamente, que Deus é injusto.

São Luiz, no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 28 diz: “Quem nos dá o direito de prejudicar os planos de Deus? (Se aquela pessoa sofre, é porque está ressarcindo no corpo, os débitos e liberta-se dos erros do passado).  Será que Deus não pode deixar uma pessoa chegar à beira da morte, para depois curá-la, com a finalidade de fazer com que aquela pessoa examine a si mesmo lhe dando a chance de modificar seu modo de pensar e agir?  Ninguém pode dizer que uma pessoa moribunda está perto do fim, porque a ciência, comete erros nas suas previsões. Sabemos que há casos que podemos considerar, desesperador. Mas se não há nenhuma esperança possível, lembremos que há doente que se reanima e recobra suas faculdades por alguns instantes. Essa hora é concedida por Deus, e pode ser de grande importância, porque o Espírito pode ter um súbito clarão de arrependimento que poupam muitos tormentos. Um minuto apenas pode poupar muitas lágrimas no futuro.”

Portanto: Matar nunca!

Nossa encarnação é planejada minuciosamente.

Nós formamos corpos físicos, quem dá vida ao corpo físico é Deus. Por isso, não temos o direito de destruí-la. Seja através do aborto, do suicídio, da pena de morte, eutanásia . . .

"Que os conhecimentos médicos vigentes possam ajudar os que se acham à beira da desencarnação, facilitando-lhe um tranqüilo retorno ao Invisível sem comprometimento negativo de médicos, enfermagem ou familiares." - Raul Teixeira

(COMPILAÇÃO DE RUDYMARA)